Comércio Bilateral entre Brasil e China

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Por Patrícia Varejão, Colaboradora Dezan Shira & Associates

A China é o parceiro comercial mais importante do Brasil desde 2009. Em relação ao comércio internacional se caracteriza por ser o maior comprador e investidor do Brasil. Tal fenômeno afeta inclusive a balança comercial do país. Em relação ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que é liderado pela China, o Brasil se mostra como um participante muito importante do bloco.

Porém, desde quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência em 2019, tal parâmetro deixou de existir porque o presidente e seus assessores de governança internacional, passaram a assumir compromissospró Estados Unidos (nomeadamente pró Donald Trump) censurando habitualmente a China.

Números Atuais do Comércio Bilateral

A alta nas exportações gira em torno de 37,7% ao passo que as importações aumentaram 25,9% no primeiro semestre de 2021. O resultado da soma das exportações com as importações que representa o total de comércio transacionado entre Brasil e China em 2021 pode ser maior que 2020 que girou em torno US$ 102,5 bilhões.

As exportações do Brasil para China giraram em torno de US$ 46.747 bilhões no período semi-anual ao passo que em relação às importações o volume Chinês girou em torno de 21,7%. O que significa a importância de US$ 21.507 bilhões.

O registro das importações e exportações entre Brasil e China rendeu até agora um superávit de US$ 25.241 bilhões ao passo que ano passado completo foi registrado US$ 33.010 bilhões. É o que informa Secex (Secretaria de Comércio Exterior) do Ministério da Economia.

No Brasil, os produtos de baixo valor protagonizaram o grande aumento das exportações para China. Commodities tais como soja, minério de ferro e petróleo bruto representaram 83% de toda quantidade exportada.

A soja, que representou 37% das exportações para a China comercializou US$ 17,13 bilhões, em segundo lugar temos o minério de ferro com parcela de 29% o que representa US$ 13,3 bilhões e por último o petróleo bruto que representou 17% da comercialização total o que significa US$ 7,9 bilhões

Destaca-se ainda a carne bovina exportada para o país asiático representando 4,2% das exportações, o que significa US$ 1,97 bilhões e a celulose representando 2,9% das exportações, o que significa US$ 1,35 bilhão.

Tipos de Produtos Comercializados com a China

Os 10 principais produtos exportados para China são Soja, Minério de Ferro, Petróleo Bruto, Carne Bovina, Celulose, Carne de Frango, Ferro-Liga, Algodão em Bruto, Carne Suína Congelada, Fresca ou Refrigerada, Minério de Cobre e seus Concentrados.

Veja a tabela abaixo:

Os 10 principais produtos importados da China são: Equipamentos de Telecomunicações, Válvulas e Tubos Termiônicos, Plataformas, Embarcações e outras Estruturas Flutuantes, Compostos organo-inorgânicos, Indústria de Transformação, Máquinas e aparelhos elétricos, Aparelhos Elétricos para ligação, proteção ou conexão de circuitos, Peças e acessórios para máquinas de processamento de dados, Medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários e Máquinas de energia elétrica.

Tendências de Negócios com a China

 Com o advento da pandemia do Coronavirus, a China foi um dos poucos países que conseguiu lançar tendências em 2020 que moldaram o comportamento e a recuperação econômica de outros países. Em 2021, está acontecendo da mesma maneira.

O país asiático caminha rumo a inovações com tendências futurísticas e tecnológicas.

O colapso da pandemia comprometeu o mercado e inclusive atingiu países desenvolvidos. Porém a crise colocou em prática um modelo digital maior que continua se desenvolvendo em 2021.

Nos dias atuais, o país Asiático demonstra ser um dos mercados mais bem sucedidos e ao que tudo indica continuará propenso a lançar novidades no mundo globalizado, sobretudo no que diz respeito à Inteligência Artificial, Desenvolvimento Sustentável e e-commerce. A situação se mostra adequada à novidades porém se faz necessário que seja instaurada de forma organizada.

As 5 tendências de negócios com a China são: Expansão da Inteligência Artificial, Digitalização da Cadeia de Valores, Desenvolvimento Sustentável, Livestreaming, Social Commerce.

Expansão da Inteligência Artificial

 Nos últimos anos as novidades desse setor aumentaram bastante. As pesquisas ganharam mais espaço e o desenvolvimento de tecnologias como também as evoluções tecnológicas deixaram que a Inteligência Artificial se fizesse cada vez mais acessível. De acordo com Alibaba DAMO Academy a aplicação da Inteligência Artificial nos setores do agronegócio, medicina, e engenharia neural são as grandes novidades do mercado.

A novidade no agronegócio já está sendo aplicada com o uso de metodologias digitais para analisar dados e monitorar a produção. A nova agricultura apresenta-se cada vez mais dependente dos dados e menos sujeitos às condições climáticas. Na China, o grupo Alibaba utilizou sua tecnologia de Blockchain para monitorar o transporte e a segurança de produtos agrícolas e mostrou como abordar o gap entre o planejamento, a produção e a venda desse tipo de produto.

Na medicina, a Inteligência Artificial tem sido bastante usada para explicar imagens médicas e gerenciar registros.

Digitalização da Cadeia de Valores

O início da pandemia ajudou a acelerar o digital que veio para ficar. Além disso, a grande carência de velocidade e armazenamento para uma gigantesca quantidade de dados produzidos dia a dia, estimulou negociantes a digitalizar seus processos.

A cadeia de valor é um método que permite à empresa organizar todos os seus processos, observando os elos e como cada um deles pode gerar valor ao cliente. Caracteriza-se por ser vasta, complexa e possuir um volume grande de informações. Devido a isso não possui condições de ser gerenciada manualmente. Desta forma são aplicados recursos de Inteligência Artificial  que aprimoram os mais variados valores envolvidos. Exemplos clássicos: Chips, plataformas e aplicativos nativos da “nuvem”.

Desenvolvimento Sustentável:

O desenvolvimento verde é uma das metas do mundo globalizado. É preciso refletir sobre a herança que as futuras gerações receberão. Portanto, diversas pátrias estão fazendo por onde com o intuito de suplantar os custos externos que aumentaram desde a revolução industrial.

De acordo com Valor Econômico, a segunda maior economia do mundo almeja aperfeiçoar seu nível de desenvolvimento. Ao passo que ingressa em um novo grau de crescimento, muitas regiões em toda China buscam aprimorar suas qualidades.

O presidente Xi Jinping ao tornar parte dos painéis de discussão durante as duas sessões em andamento na China, destacou várias palavras-chave cruciais para o desenvolvimento nos próximos anos: novo paradigma de desenvolvimento, transformação verde, filosofia centrada nas pessoas e desenvolvimento de alta qualidade.

Estas palavras são importantes conceitos que foram apresentados no mais recente projeto de desenvolvimento da China: o esboço preliminar do 14º Plano Quinquenal (FYP) (2021-2025) para o Desenvolvimento Econômico e Social e Objetivos de Longo Prazo até 2035, que está em análise na quarta sessão do 13º Congresso Nacional do Povo (NPC), a principal legislatura da China.

Livestreaming

De acordo com Revista Veja, o livestreaming é o novo fenômeno de consumo na China. O comércio eletrônico provocou uma revolução no varejo tradicional. Agora, o show de vendas chinês pode fazer o mesmo com os aplicativos e as lojas virtuais.

Apesar das lojas digitais estarem muito presentes no dia a dia dos chineses, a loja física não deixava de ter sua relevância. Assim, quando a pandemia chegou, os lucros caíram e, para sobreviver, as lojas tiveram que focar nas operações via online. O livestreaming é, uma função em aplicativos como Taobao, Kuaishou e iQiyi que faz transmissões ao vivo, foi a mais escolhida e salvou a vida de muitas empresas durante o período de lockdown.

O livestreaming não é mais uma opção, mas uma necessidade e pelo andar da carruagem e com as novas funcionalidades de tradução simultânea e host virtual, a perspectiva é que esse mercado só cresça e a tendência se expanda para outros países.

Social Commerce

O crescente uso dos dispositivos móveis e das redes socias vem fomentando um novo tipo de e-commerce, o social commerce. Este é uma subcategoria do comércio digital que ocorre nas plataformas de mídias sociais e vem ganhado cada dia mais adeptos. Sua muito bem estruturada interação com a própria plataforma, junto com o crescente uso desses aplicativos para diversos fins e a possibilidade de deixar seu comentário sobre o produto e o vendedor, vem tornando essa modalidade uma tendência.

Na China, o extenso uso dessas plataformas remodelou o cenário do e-commerce, afetando tanto a forma como as pessoas compram quanto a maneira que os vendedores anunciam e vendem seus produtos. A Fundação Ásia-Pacífico do Canadá afirma que são três os fatores mais relevantes para o êxito deste modelo de e-commerce na China: Um ecossistema de comércio eletrônico bem desenvolvido, uma grande quantidade de usuários de internet que se conectam por meio de dispositivos móveis e as ferramentas de pagamento móvel e código QR.

Sem dúvida, os Millenials e a geração Z têm impulsionado o crescimento do social commerce, e tal sucesso vem atraindo a atenção dos investidores chineses. A FBIC Group avalia, hoje, a dimensão do mercado de social commerce na China em 1.657,8 bilhões de remimbis e estima um crescimento de mais de 45% até 2022, atingindo 2.419,4 bilhões de remimbis.

Número de Empresas Brasileiras que Investiram na China

Encontrei dados apenas de 2012 que relatam que o número de empresas brasileiras que investiram na China são apenas 57. Sem dúvidas, é uma informação desatualizada.

Ao passo que existem vários artigos sobre número de empresas chinesas que investem no Brasil.

Atualmente mais de 300 empresas chinesas investem no Brasil sendo que 25 estão entre as top 500 do mundo.